quarta-feira, 29 de junho de 2011

Portfolio I - Apresentação II - 29 de junho 2011


Uma terça qualquer

6:15 – Acordo ao som do despertador que o Fernando me deu de presente no último Dia dos Namorados, mas que ele insiste em sintonizar na CBN (e se eu odeio saber das notícias ao longo do dia, imaginem a minha felicidade ao despertar...)

Levanto
Ponho a água para o café
Como alguma fruta
Às vezes pão
Acordo o João – que não quer levantar porque foi dormir super tarde na noite anterior

Todo dia ela faz tudo sempre igual...

7:15 – Suborno o filho com Toddynho pra poder sair de casa
Prometo milk shake pra sentá-lo na cadeirinha do carro
Quarenta minutos entre a Tijuca e o Flamengo
Olha o túuuunel, mamãe!!!
Que túnel é este, filho?
Santa Bábara...

8:00 às 11:45 – Corro para tentar dar conta do trabalho e das exigências que só aumentam, aumentam, todos querem saber da Comunicação, todos precisam da Comunicação, todos metem o pau na Comunicação...

Todo dia, todo dia...

12:00 – Termino de engolir a comida em frente ao computador, escovo os dentes, esfrego a cara e me preparo para o 2º turno

12:15 – Passo na creche para pegar o João que deveria estar dormindo o sono pós-almoço com os coleguinhas
Ele sai sonolento trazido pela professora: Colo, mamãe, colo... A mamãe-cabide-espantalho carrega as mochilas e bolsas e marmitas e puxa o filho de lado, anda até o carro
Nesse horário, a corrida até a Tijuca é mais rápida. Em 25 minutos, ligo para a empregada, que desce até a rua, deixo o João em casa e olho para o relógio no celular: é quase uma

Roda mundo, roda gigante...

13:25 – Chego em Manguinhos, subo correndo, às vezes bebo uma água, às vezes aguardo até o intervalo
Quem leu? Quem não leu? O que tem pra ler para a semana que vem?
Agora sou aluna, penso, problematizo, participo, pergunto, pergunto
Sou uma questão? Minha síntese é uma interrogação?
Aproveito a sala de aula pra isso porque na vida tenho de ser prática
Não tenho tempo pra muita firula, não

16:45 – Fecho os livros e as sacolas, saio correndo, dou carona ao colega que ainda vai dar aula até às dez
Vamos falando de como é a vida de doutorando que trabalha
Os trabalhos, o trabalho, a família
Quero ansiosa chegar em casa pra retomar a minha função de mãe

Roda moinho, roda pião...

17:30 – Ponho a chave na porta, o João grita de lá: É a mamãe, a mamãe chegou!
Abro, entro, abraço, beijo – melhor hora do dia. Você brinca comigo? Tô um caco, mas eu brinco, e também me irrito com a pirraça de filho (que eu também não sou de ferro)
Vejo a tentativa de dar o jantar, que ele recusa, engulo alguma coisa, aproveito as últimas horas da empregada em casa para tentar estudar

19:00 – João entra no quarto, João sobe na cama, João quer atenção
(Mas não é isso que todo mundo quer?)
Desisto, sento ao lado do posto de gasolina, o brinquedo preferido que ele ganhou no aniversário de três anos
Brinco, babo, me surpreendo com a inteligência rara do garoto, que aprendeu a brincar sozinho

21:00 – Começo a tentar colocá-lo para dormir. Você lê pra mim? Uma, duas, três histórias. Conta de novo a dos três porquinhos...

(Alguém pergunta: e o marido? Sai às sete e só chega tarde, mas ajuda quando dá)

22:00 – Filho, tá na hora de dormir! Te amo, mamãe. Eu também amo você. Dormimos os dois. E ainda nem escovei os dentes, troquei de roupa, chequei a porta... E a certeza de que uma noite vai ser pouco... E pelo menos cinco livros me olhando todos os dias no escritório, que eu sei que preciso ler...Quem manda querer tudo, já dizia a minha avó.

O tempo rodou num instante nas voltas do meu coração...






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