Uma terça qualquer
6:15 – Acordo ao som do
despertador que o Fernando me deu de presente no último Dia dos Namorados, mas
que ele insiste em sintonizar na CBN (e se eu odeio saber das notícias ao longo
do dia, imaginem a minha felicidade ao despertar...)
Levanto
Ponho a água para o café
Como alguma fruta
Às vezes pão
Acordo o João – que não
quer levantar porque foi dormir super tarde na noite anterior
Todo dia ela faz tudo sempre igual...
7:15 – Suborno o filho
com Toddynho pra poder sair de casa
Prometo milk shake pra
sentá-lo na cadeirinha do carro
Quarenta minutos entre a
Tijuca e o Flamengo
Olha o túuuunel, mamãe!!!
Que túnel é este, filho?
Santa Bábara...
8:00 às 11:45 – Corro
para tentar dar conta do trabalho e das exigências que só aumentam, aumentam,
todos querem saber da Comunicação, todos precisam da Comunicação, todos metem o
pau na Comunicação...
Todo dia, todo dia...
12:00 – Termino de
engolir a comida em frente ao computador, escovo os dentes, esfrego a cara e me
preparo para o 2º turno
12:15 – Passo na creche
para pegar o João que deveria estar dormindo o sono pós-almoço com os
coleguinhas
Ele sai sonolento trazido
pela professora: Colo, mamãe, colo... A mamãe-cabide-espantalho carrega as
mochilas e bolsas e marmitas e puxa o filho de lado, anda até o carro
Nesse horário, a corrida
até a Tijuca é mais rápida. Em 25 minutos, ligo para a empregada, que desce até
a rua, deixo o João em casa e olho para o relógio no celular: é quase uma
Roda mundo, roda gigante...
13:25 – Chego em
Manguinhos, subo correndo, às vezes bebo uma água, às vezes aguardo até o
intervalo
Quem leu? Quem não leu? O
que tem pra ler para a semana que vem?
Agora sou aluna, penso,
problematizo, participo, pergunto, pergunto
Sou uma questão? Minha
síntese é uma interrogação?
Aproveito a sala de aula
pra isso porque na vida tenho de ser prática
Não tenho tempo pra muita
firula, não
16:45 – Fecho os livros e
as sacolas, saio correndo, dou carona ao colega que ainda vai dar aula até às
dez
Vamos falando de como é a
vida de doutorando que trabalha
Os trabalhos, o trabalho,
a família
Quero ansiosa chegar em
casa pra retomar a minha função de mãe
Roda moinho, roda pião...
17:30 – Ponho a chave na
porta, o João grita de lá: É a mamãe, a mamãe chegou!
Abro, entro, abraço,
beijo – melhor hora do dia. Você brinca comigo? Tô um caco, mas eu brinco, e
também me irrito com a pirraça de filho (que eu também não sou de ferro)
Vejo a tentativa de dar o
jantar, que ele recusa, engulo alguma coisa, aproveito as últimas horas da
empregada em casa para tentar estudar
19:00 – João entra no
quarto, João sobe na cama, João quer atenção
(Mas não é isso que todo
mundo quer?)
Desisto, sento ao lado do
posto de gasolina, o brinquedo preferido que ele ganhou no aniversário de três
anos
Brinco, babo, me
surpreendo com a inteligência rara do garoto, que aprendeu a brincar sozinho
21:00 – Começo a tentar
colocá-lo para dormir. Você lê pra mim? Uma, duas, três histórias. Conta de
novo a dos três porquinhos...
(Alguém pergunta: e o
marido? Sai às sete e só chega tarde, mas ajuda quando dá)
22:00 – Filho, tá na hora
de dormir! Te amo, mamãe. Eu também amo você. Dormimos os dois. E ainda nem
escovei os dentes, troquei de roupa, chequei a porta... E a certeza de que uma
noite vai ser pouco... E pelo menos cinco livros me olhando todos os dias no
escritório, que eu sei que preciso ler...Quem manda querer tudo, já dizia a
minha avó.
O tempo rodou num instante nas voltas do meu
coração...
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